terça-feira, 7 de setembro de 2010

Brincar: A linguagem do Corpo e do Movimento


 Brincar : A linguagem do Corpo e do Movimento 

       Através de uma brincadeira de criança, podemos compreender como ela vê e constrói o mundo - o que ela gostaria que ele fosse, quais as suas preocupações e que problemas a estão assediando. Pela brincadeira, ela expressa o que teria dificuldade de colocar em palavras. Nenhuma criança brinca espontaneamente só para passar o tempo, sua escolha é motivada por processos íntimos, desejos, problemas, ansiedades. O que está acontecendo com a mente da criança determina suas atividades lúdicas; brincar é sua linguagem secreta, que devemos respeitar mesmo se não a entendemos.
Bruno Bettelheim 

     Brincar é um componente crucial do desenvolvimento, pois, através do brincar a criança é capaz de tornar manejáveis e compreensíveis os aspectos esmagadores e desorientadores do mundo. Na verdade, o brincar é um parceiro insubstituível do desenvolvimento, seu principal motor. Em seu brincar, a criança pode experimentar comportamentos, ações e percepções sem medo de represálias ou fracassos, tornando-se assim mais bem preparada para quando o seu comportamento "contar".
 Howard Gardner 

  Crianças quando jogam são sérias, intensas, entregam todo seu corpo, toda sua alma para o que estão fazendo. Jogar com regras e obedecer algo que foi aceito é a entrega, a obediência no sentido filosófico do termo, porque se aceitou livremente e convencionalmente jogar e ganhar ou perder dentro de certos limites.
      Os adversários são as melhores pessoas que podemos ter, são nossos amigos, temos que saber tudo sobre eles, temos que pensar como eles, temos que reconhecê-los, temos que tê-los como referência constante para um diálogo consigo mesmo. Um diálogo em um contexto democrático em que as condições são as mesmas, em que ganha o melhor nesta partida, porque uma outra partida é uma outra partida.
 O jogo desenvolve a competência e a habilidade pessoal, ou talento, para enfrentar problemas e resolvê-los o melhor que se possa. É inevitável para ganhar, coordenar diferentes pontos de vista, antecipar, compreender melhor, ser mais rápido, coordenar situações, ter condutas estratégicas, estar atento, concentrado, ter boa memória, abstrair as coisas e relacioná-las entre si o tempo todo. E esse desafio se repete a cada partida.
 Um jogo parece só um jogo, uma brincadeira, mas não é. Trata-se de um momento de significativo e importante crescimento pessoal.
Lino de Macedo

     Bettelheim sente a brincadeira como momento de expressão dos processos psíquicos pelos quais a criança está passando. Gardner afirma que o brincar é o principal motor do desenvolvimento, promovendo a autoconfiança pois permite que a criança experimente o mundo sem medo. Lino define o jogo como uma vivência que promove o desenvolvimento de competências e habilidades para enfrentar problemas. 


Como devemos tratar o brincar na escola ? 

 Para Lino de Macedo, o brincar aparece estruturado basicamente em três modalidades:
 Jogo de exercício - movida pelo prazer, através da repetição, a criança tem como conseqüência a formação de hábitos, tornando-se fonte de significados, ou seja, de compreensão das ações. É a matriz da regularidade. Possibilita as assimilações que integram o homem ao meio. É a principal forma de aprendizagem no primeiro ano de vida. Possibilita que a criança conheça as coisas por si mesma. A estrutura do jogo de exercício faz parte fundamental das outras estruturas dos jogos. São a base do COMO das coisas.
 Símbolo - caracteriza-se pelo fato de a criança considerar, "A" por "B", o conteúdo que assimilou através do jogo de exercício. A assimilação é deformante - a criança assimila como pode ou deseja. A criança se torna produtora de linguagens, criadora de convenções, firma vínculo entre as coisas e suas possíveis representações, possibilita a compreensão de convenções arbitrárias. São um prelúdio das futuras teorizações da criança. É a base do PORQUÊ das coisas.
 Jogo de regra - Herda as características do jogo de exercício, pela regularidade das jogadas e do jogo simbólico, devido aos combinados arbitrários. Inaugura a assimilação recíproca por seu caráter coletivo, cuja regularidade é intencionalmente consentida, e pela busca de convenções em comum. Integra o COMO e o PORQUÊ das coisas.
 Qualquer objeto colocado à disposição das crianças (brinquedos, jogos de construção, sucata, elementos da natureza, objetos do uso cotidiano do mundo adulto, tabuleiros, dados, etc.), permite que elas utilizem-no em uma ou mais dessas modalidades, ou seja, no jogo de exercício, simbólico ou regra, de acordo com suas capacidades, necessidades ou desejos. Cabe aos profissionais de educação garantirem o espaço, o tempo e as condições para que as brincadeiras aconteçam na escola na sua essência e diversidade. A participação do educador deve orientar-se pela observação, registro e reflexão com objetivo de encontrar formas de intervenção que, mantendo a essência do brincar, tornem possível a construção de novas aprendizagens. 

Fonte:
MACEDO, Lino de. A importância dos jogos de regras para a construção do conhecimento na escola.
Universidade de São Paulo/Instituto de Psicologia/Laboratório de Psicopedagogia.
BETTELHEIM, Bruno. Uma vida para seu filho.
GARDNER, Howard. As artes e o desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artes Médicas.
CAMARGO, Fátima. Considerações acerca do jogo. Espaço Pedagógico.



segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Processamento Auditivo Central

Como fonoaudióloga, deparo-me  atualmente, com uma certa frequência com pacientes em que as queixas dos pais e/ou professores são:
- ele ouve mas parece que não entende;
- ele só ouve quando quer;
- ele é desatento, distraído e agitado;
- parece que não entende o que lê;
- apresenta dificuldade para aprender a ler e a escrever;
- apresenta problemas na fala, principalmente /l/ e /r/;
- apresenta inversão de letras na escrita;
- apresenta dificuldade para contar histórias ou dar recados.
Estas são somente algumas das características comportamentais que podem estar denunciando as alterações do processamento auditivo.
O termo Processamento Auditivo Central refere-se ao modo como o sistema auditivo, periférico e central, recebe, analisa e organiza as informações acústicas.
O Processamento Auditivo Central também pode ser definido como:
        "Aquilo que você faz com o que ouve ou o resultado da conversa entre a orelha e o cérebro."
Atualmente existem estudos e pesquisas, correlacionando as desordens de processamento auditivo central a vários distúrbios da comunicação humana. Dentre os distúrbios que se relacionam comprovadamente ao processamento auditivo, podemos citar os distúrbios de leitura e escrita, os transtornos de aprendizagem, o transtorno do déficit de atenção, e, de forma geral, o fracasso e as dificuldades escolares.
Hoje, no Brasil, dispomos de testes para avaliação do processamento auditivo onde é possível identificar quais as habilidades auditivas centrais estão alteradas, direcionando assim a terapia fonoaudiológica que consiste em boa parte, de treinamento auditivo, através de diversos materiais.

sábado, 7 de agosto de 2010

PEGA-VARETAS FATORES QUE INTERFEREM NA APRENDIZAGEM

Este texto apresenta uma análise de alguns aspectos que constituem os “ruídos” na aprendizagem, identificados como interferências negativas no processo de comunicação dos conteúdos e procedimentos ensinados e aprendidos e a utilização do jogo Pega-Varetas como importante ferramenta na construção da regra.

Percebe-se uma preocupação constante de pais e professores referente a indisciplina de seus filhos ou alunos, sendo que muitas vezes é uma conseqüência de uma confusão entre o que é falta de limite e o que é de fato uma dificuldade de aprendizagem. Existe uma necessidade de reflexão sobre esses temas e para tanto o jogo Pega-Varetas foi escolhido para ser usado com as crianças atendidas no Laboratório de Psicopedagogia (LaPp) do Instituto de Psicologia da USP, em oficinas.

O objetivo é desenvolver atitudes favoráveis à aprendizagem do ponto de vista cognitivo e social.

O jogo Pega-Varetas é bastante conhecido, divertido e adaptável para diferentes faixas etárias. Seu desafio é fazer o maior número de pontos por meio da coleta de varetas.O jogador deve soltar um maço de 41 varetas coloridas (amarelas, vermelhas, verdes e azuis e uma preta), sendo que cada cor vale um número de pontos determinado. Deve-se capturar uma a uma sem mover as demais e quando isso ocorre o jogador conta seus pontos e passa a vez para o outro. Portanto, para jogar bem é necessário haver organização, planejamento, respeito às regras, atenção e antecipação das ações, pois, a criança precisa observar a cada captura, todas as varetas vizinhas àquela que pretende resgatar. Essa simples ação é conseqüência de várias outras: considerar as regras, prestar atenção a elas, observar a configuração do maço espalhado na mesa e os diferentes pontos de contato entre as varetas e, só então, tomar uma decisão, escolhendo a melhor. Significa analisar todas as possibilidades, organizar as ações e resolver aquele problema.

Assim, a experiência no LaPp (Macedo, 1996) tem mostrado que as atitudes e as competências desenvolvidas ao jogar vão se tornando “propriedade” das crianças e como conseqüência, podem ser transferidas para outros meios, passando a ter outro posicionamento diante de desafios, sejam de natureza lúdica (situação de jogo), sejam de natureza escolar (aprendizagem de conteúdos). Para tanto é necessário um trabalho de intervenção por parte do profissional que acompanha as partidas, propondo desafios, pedindo análises, instigando a reflexão e ajudando os alunos a perceberem semelhanças entre os contextos do jogo e da escola. Dessa forma trabalha-se dois aspectos essenciais do conceito de avaliação formativa (Perrenoud, 1998): a observação e a regulação, ou seja, dedicar atenção ao objeto estudado e antecipar ou pré-corrigir erros (Macedo, 2002).

A contribuição do jogar para a criança é possibilitar o exercício de se subordinar a condições externas, conhecidas e consentidas. A regra supõe respeito, o qual implica necessariamente disciplina, obediência e reconhecimento.

sábado, 10 de julho de 2010

Psicopedagogia e Tecnologia



A tecnologia avança a "passos largos" e com ela percebemos a necessidade de nos atualizarmos. É inegável que as novas tecnologias vem modificando nos últimos anos, os meios de comunicação em massa e conseqüentemente, os meios de ensino, seja em sala de aula ou não. Prova disto é a possibilidade que hoje temos de obtermos formação à distância. Este é somente um dos muitos benefícios. De outro lado, temos registros que desde o início da década de 90, muitos são os investimentos com tecnologia, desde TV-escola, vídeo-escola, centrais de informática, etc. nas escolas públicas, porém, apesar de em algum momento estas tecnologias terem contribuído com o processo de ensino e talvez o de aprendizagem, o que vemos na prática é que a educação formal
permanece inalterada . É necessário que possamos repensar a educação. É necessários que a realização do ciclo descrição-execução-reflexão-depuração-descrição não aconteça simplesmente colocando o aprendiz diante do computador. A interação aluno-computador precisa ser mediada por um profissional agente de aprendizagem que tenha conhecimento do significado do processo de aprender por intermédio da construção do conhecimento, para que ele possa entender as idéias do aprendiz e como atuar no processo de construção do conhecimento para intervir apropriadamente na situação, de modo a auxiliá-lo nesse processo. Essa idéia está fundamentada nos princípios da teoria construtivista de Piaget. Penso que neste processo a atuação do Psicopedagogo se faz fundamentalmente necessária, pois este deve mediar as relações entre Aprendente e Ensinante, possibilitando um repensar por parte do educador.

Fonoaudiologia

O Fonoaudiólogo está habilitado a atuar em prevenção, diagnóstico, orientação e tratamento no âmbito da fala (articulação, voz e fluência), linguagem oral, linguagem escrita, audição, além das estruturas e sistemas auxiliares de comunicação em indivíduos de todas as idades, desde o recém-nascido até o idoso. A fonoaudiologia é uma profissão da área da saúde, podendo estar inserida em diversas áreas, como: empresarial, pesquisa, clínica, hospitalar, pública, escolar e preventiva.