segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Processamento Auditivo Central

Como fonoaudióloga, deparo-me  atualmente, com uma certa frequência com pacientes em que as queixas dos pais e/ou professores são:
- ele ouve mas parece que não entende;
- ele só ouve quando quer;
- ele é desatento, distraído e agitado;
- parece que não entende o que lê;
- apresenta dificuldade para aprender a ler e a escrever;
- apresenta problemas na fala, principalmente /l/ e /r/;
- apresenta inversão de letras na escrita;
- apresenta dificuldade para contar histórias ou dar recados.
Estas são somente algumas das características comportamentais que podem estar denunciando as alterações do processamento auditivo.
O termo Processamento Auditivo Central refere-se ao modo como o sistema auditivo, periférico e central, recebe, analisa e organiza as informações acústicas.
O Processamento Auditivo Central também pode ser definido como:
        "Aquilo que você faz com o que ouve ou o resultado da conversa entre a orelha e o cérebro."
Atualmente existem estudos e pesquisas, correlacionando as desordens de processamento auditivo central a vários distúrbios da comunicação humana. Dentre os distúrbios que se relacionam comprovadamente ao processamento auditivo, podemos citar os distúrbios de leitura e escrita, os transtornos de aprendizagem, o transtorno do déficit de atenção, e, de forma geral, o fracasso e as dificuldades escolares.
Hoje, no Brasil, dispomos de testes para avaliação do processamento auditivo onde é possível identificar quais as habilidades auditivas centrais estão alteradas, direcionando assim a terapia fonoaudiológica que consiste em boa parte, de treinamento auditivo, através de diversos materiais.

sábado, 7 de agosto de 2010

PEGA-VARETAS FATORES QUE INTERFEREM NA APRENDIZAGEM

Este texto apresenta uma análise de alguns aspectos que constituem os “ruídos” na aprendizagem, identificados como interferências negativas no processo de comunicação dos conteúdos e procedimentos ensinados e aprendidos e a utilização do jogo Pega-Varetas como importante ferramenta na construção da regra.

Percebe-se uma preocupação constante de pais e professores referente a indisciplina de seus filhos ou alunos, sendo que muitas vezes é uma conseqüência de uma confusão entre o que é falta de limite e o que é de fato uma dificuldade de aprendizagem. Existe uma necessidade de reflexão sobre esses temas e para tanto o jogo Pega-Varetas foi escolhido para ser usado com as crianças atendidas no Laboratório de Psicopedagogia (LaPp) do Instituto de Psicologia da USP, em oficinas.

O objetivo é desenvolver atitudes favoráveis à aprendizagem do ponto de vista cognitivo e social.

O jogo Pega-Varetas é bastante conhecido, divertido e adaptável para diferentes faixas etárias. Seu desafio é fazer o maior número de pontos por meio da coleta de varetas.O jogador deve soltar um maço de 41 varetas coloridas (amarelas, vermelhas, verdes e azuis e uma preta), sendo que cada cor vale um número de pontos determinado. Deve-se capturar uma a uma sem mover as demais e quando isso ocorre o jogador conta seus pontos e passa a vez para o outro. Portanto, para jogar bem é necessário haver organização, planejamento, respeito às regras, atenção e antecipação das ações, pois, a criança precisa observar a cada captura, todas as varetas vizinhas àquela que pretende resgatar. Essa simples ação é conseqüência de várias outras: considerar as regras, prestar atenção a elas, observar a configuração do maço espalhado na mesa e os diferentes pontos de contato entre as varetas e, só então, tomar uma decisão, escolhendo a melhor. Significa analisar todas as possibilidades, organizar as ações e resolver aquele problema.

Assim, a experiência no LaPp (Macedo, 1996) tem mostrado que as atitudes e as competências desenvolvidas ao jogar vão se tornando “propriedade” das crianças e como conseqüência, podem ser transferidas para outros meios, passando a ter outro posicionamento diante de desafios, sejam de natureza lúdica (situação de jogo), sejam de natureza escolar (aprendizagem de conteúdos). Para tanto é necessário um trabalho de intervenção por parte do profissional que acompanha as partidas, propondo desafios, pedindo análises, instigando a reflexão e ajudando os alunos a perceberem semelhanças entre os contextos do jogo e da escola. Dessa forma trabalha-se dois aspectos essenciais do conceito de avaliação formativa (Perrenoud, 1998): a observação e a regulação, ou seja, dedicar atenção ao objeto estudado e antecipar ou pré-corrigir erros (Macedo, 2002).

A contribuição do jogar para a criança é possibilitar o exercício de se subordinar a condições externas, conhecidas e consentidas. A regra supõe respeito, o qual implica necessariamente disciplina, obediência e reconhecimento.